Monday, September 23, 2024

O Património

 6° Capítulo do Livro "Parazinho" de João Victor Mascarenha 



    O Património consta de uma légua quadrada, sendo meia légua para cada ponto cardeal, era marco das terras, como cita Monsenhor Vicente Martins da Costa, “uma pedra existente no terraço da casa de Manoel Joaquim Salgado” que ficava próxima a igreja, não havendo mais resquícios da mesma, hoje serve como demarcação a Igreja Primitiva.

     Sobre a origem do patrimônio, é importante salientar a grande quantidade de animais e faixas de terra deixados como património a Capela por seu construtor, Capitão Domingos Machado Freire, em seu testamento.

     Sobre a légua de terra, há uma história oral que foi publicada no livro “A Capela Milagrosa de Nossa Senhora do Livramento do Parasinho”, escrito por Monsenhor Vicente Martins da Costa que narra com precisão de detalhes a história que é considerada um grande milagre de Nossa Senhora do Livramento de Parazinho. 

   “Conta-se que o coronel Jeronymo Machado Freire tinha grande predileção por caçadas e muito particularmente pelas caçadas de onças, que nesse tempo em grande quantidade habitavam em nossas matas; e para isto dispunha de cães afamados…

    Certo dia em companhia de três ou quatro amigos muniu-se do armamento necessário e fazendo-se seguir pelos seus cães tomou o caminho da mata.

     Depois de bem andar, os caçadores foram se distanciando uns dos outros, tendo Jeronymo Machado seguido por uma vereda estreita, que margeava uma corrente d'agua ao sopé de um serrote, quando de repente lhe saiu ao encontro uma onça tigre. Distante de seus companheiros e só, surpreendido pela fera, valeu-se de Nossa Senhora do Livramento, soltando de espanto um grande grito. Um dos cães logo aparecendo pôs-se a ladrar, o que despertou a atenção dos companheiros que vindo em seu auxílio com outros cães, lutaram com o bravio animal, deixando-o depois morto estendido no chão.

    Em agradecimento a Nossa Senhora do Livramento por lhe ter salvado a vida, diz-se, que de suas terras fez doação de meia légua para seu patrimônio, sendo ele o primeiro procurador.

  Ao Coronel Jerônimo Machado Freire sucedeu na administração patrimonial o seu herdeiro e testamenteiro Sargento-mór Manoel Machado Freire de Souza, que administrou o patrimônio desde 1798 até 1803. A este sucedeu na administração Manoel Pereira Dutra, que foi procurador do patrimônio desde 1804 até 1808, o qual foi substituído por Antonio Alves de Oliveira, que o administrou de 1809 a 1823.

     Todos estes procuradores prestavam contas em Sobral de dois ou de três em três anos aos ouvidores gerais provedores dos ausentes e capelas, que eram então nomeados pela corte de Lisboa”.

     Monsenhor Vicente Martins narra a história em que a tradição popular alude ter sido o motivo da doação deste vasto patrimônio à Igreja de Nossa Senhora do Livramento de Parazinho, em seguida, faz o registro de seus procuradores e suas obrigações perante à corte, já que nesta época o Brasil vivia sob a dominação do Império português, que também administrava os assuntos e bens da Igreja, no reino e nas colônias. 

     Segundo o que se pode notar pelos registros apontados por Monsenhor Vicente é que após a independência do Brasil em 1822, foi adotado outro sistema de administração, pelo menos na área em que se refere ao patrimônio da Igreja de Parazinho. 

Atualmente, o extenso Carnaubal do patrimônio de Nossa Senhora do Livramento de Parazinho é administrado pela Diocese de Tianguá, e gera anualmente relevante lucro ao óbulo diocesano, já que a Paróquia de Parazinho recebe apenas uma pouca porcentagem para a manutenção e luzimento do Santuário de Parazinho. Também, há poucos anos foram vendidos os últimos animais do gado, remanescentes dos animais deixados por Domingos Machado Freire, Patriarca de Parazinho, restando apenas as terras como patrimônio. 


Obs. Transcrevemos os textos do livro “A Capela Milagrosa de Nossa Senhora do Livramento do Parasinho” neste capítulo, modificamos a ortografia original do livro para a melhor compreensão do leitor; haja vista a diferença da ortografia da década de vinte do século passado com a atual. 




Obs: Todos os direitos reservados a João Victor de Oliveira Mascarenha, autor do livro.

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