4° Capítulo do Livro "Parazinho" de João Victor Mascarenha
O Patriarca de Parazinho Domingos Machado Freire, português, nascido aproximadamente em 1674 na província do Minho, de onde vinham a maioria dos colonizadores do Brasil no século XVIII, recebeu a Sesmaria em 1702 e fundou o povoado do Pará; temos registros sobre suas posses nos anos de 1702, 1706, 1724, 1732, 1750 e 1751.
Recebeu em 09 de maio de 1718, do Rei de Portugal Dom João V, a Patente de Capitão de Cavalos da Ribeira do Camocim até o Rio Parnaíba. A Carta patente, assim citava Domingos:
“atendendo ao dito Domingos Machado Freire, por ser um homem nobre e afazendado daquele distrito e por ter servido no posto de tenente de cavalos fazendo várias entradas ao gentio bravo (...). Faça o zelo do meu real serviço, e por esperar dele a mesma sorte (...) Hey por bem fazer-lhe mercê de confirmar, como por esta confirmo, no posto de capitão de cavalos do distrito da ribeira do Camosy e demais povoações até o rio Acaracu e Parnaíba”.
Capitão de Cavalos era um título militar, concedido apenas aos nobres por nascimento, porque estes deveriam seguir aos valores herdados da cavalaria medieval; o capitão de cavalos deveria desempenhar suas funções com a “honradez e fidalguia". Os capitães de cavalos geralmente tinham ao seu comando um grupo de soldados cavaleiros ou couraceiros.
Contudo, Domingos Machado foi um homem devotado à religião, construtor da Igreja de Nossa Senhora do Livramento do Pará no primeiro quartel do Século XVIII, cuja participação histórica, também remete ao Padre João de Mattos Monteiro, o Padre Matinhos ou Matosinhos, 1° cura da Ribeira do Acaracú.
Domingos também libertou alguns de seus escravos por meio do batismo, sendo inclusive ele mesmo o padrinho de batismo de alguns dos cativos; também libertou alguns escravos em seu testamento. A maioria dos escravos daquela época em nossa região eram os nativos. Os colonizadores foram orientados pela coroa a prenderem e escravizarem os povos indígenas, principalmente os mais “bravos” que não aceitassem se incorporar ao processo colonizador.
Domingos morreu aos 80 anos, no dia 15 de março de 1754, foi sepultado na igreja que construiu em honra a Nossa Senhora do Livramento do Pará. Deixou em seu testamento um morgado em que cujo padroeira era Nossa Senhora do Livramento, deixando terras e animais para o património da capela, para que um Padre se instalasse na Capela do Pará, apenas com a obrigação de celebrar as sextas-feiras uma missa em sufrágio de sua alma, o que nunca aconteceu.
O restante de suas terras, deixou ao seu sobrinho Jerônimo Machado Freire, que deveria, no entanto, se casar com uma prima, filha de Francisco Machado Freire, (o que também não aconteceu); no caso do impedimento do casamento com a filha de Francisco Machado, Jerônimo poderia se casar com qualquer mulher, desde que fosse branca e cristã velha, ou seja, deveria ser nascida em uma família de tradição católica.
Obs: Todos os direitos reservados ao autor: João Victor de Oliveira Mascarenha.
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